O acesso é feito através da MT-060, partindo-se de Cuiabá até Poconé, por 100 km em via asfaltada e continuando pela rodovia Transpantaneira por mais 147 km até Porto Jofre, às margens do rio Cuiabá.
De Porto Jofre até o Parque o acesso é apenas por via fluvial, navegando-se por aproximadamente 4 horas. Por via aérea utiliza-se a pista de pouso da Fazenda Acurizal (RPPN/Fundação Ecotrópica), gastando-se 1 hora de vôo e meia hora de barco. A cidade mais próxima à unidade é Poconé que fica a 110 km da capital.
- Barão de Melgaço, 100 Km a Sudeste de Cuiabá.
- Cáceres, 245 Km a Sudoeste de Cuiabá.
Apesar de ser reconhecido como patrimonio nacional essa riqueza biológica natural tem sido ameaçada pela crescente expansão agrícola e urbana.
O regime de chuvas comanda estas terras tão especiais. Parte do ano as águas cobrem tudo. Depois as águas vão baixando e os animais tomando seus devidos lugares. Jacarés, onças, rios repletos de peixes e aves convivem com grandes fazendas de gados. O Pantanal é um ecossistema riquíssimo, onde se encontra uma das maiores concentrações de fauna selvagem do planeta.
O Parque Nacional do Pantanal foi criado em 1981, englobando 135.000 hectares do Pantanal. Na década de 80, a reserva foi base de operações contra os caçadores de jacarés, chamados de coureiros.
Aspectos culturais e históricos
O parque incorporou a antiga Reserva do Cara-cará, a qual na década de 80 foi base de operações no combate à ação dos caçadores de jacarés, e praticamente dobrou seu território com a compra de uma antiga fazenda de gados, que foi inundada em conseqüência das transformações da região, por ações antrópicas diversas. A região era também ocupada por índios Guatos. Provavelmente os primeiros ocupantes pantaneiros foram os espanhóis vindos da Bolívia por volta de 1550. As lendas mais correntes são as do minhocão (uma enorme serpente aquática que derruba os barrancos dos rios), das lagoas que se enfurecem com a presença de pessoas gritando e histórias de onças, sucuris e aventuras de caça e pesca.
Aspectos Naturais
O Pantanal é uma imensa planície alagável, passando grande parte do ano debaixo d’água. A rede hídrica da região é grande, formada por 175 rios repletos de peixes. No período seco, formam-se diversas lagoas, lagos e corixas que ficam repletos de aves em busca de alimentos.
A vegetação típica da região é uma transição entre cerrado e floresta amazônica.
A fauna do parque é muito diversificada: são 650 espécies de aves, entre tuiuiús, garças, araras-azuis e gaviões, 240 de peixes, entre jaús, pacus e dourados e 80 de mamíferos, como capivaras, cervos, lontras e onças, além dos répteis, destacando-se o jacaré-do-pantanal.
Clima.
O clima da região é tropical semi-úmido com temperatura média anual entre 23ºC e 25ºC. O período seco, ideal para visitação, vai de maio a setembro. Para observar a fauna, a melhor época é quando as águas começam a baixar, de março a abril. Entre outubro e abril chove muito, sendo que em dezembro e fevereiro são considerados os meses mais chuvosos.
Atrações
O parque não está aberto à visitação. Uma boa opção para quem quer conhecer a região é hospedando-se em uma das inúmeras fazendas e conhecendo o cotidiano pantaneiro.
As atividades mais comuns para quem visita o Pantanal são: trekkings com guias, focagem noturna de jacarés, safári fotográfico, passeios de barco, cavalgadas e observação de pássaros.
Infra-estrutura
A infra-estrutura do parque resume-se a um Centro de Visitantes com embarcações, localizado em um platô a salvo de inundações. Em Poconé, existem hotéis-fazenda, hotéis de beira-rio e restaurantes simples, localizados ao longo da Rodovia Transpantaneira.
Objetivos específicos da unidade
Proteger e preservar todo ecossistema pantaneiro, bem como sua biodiversidade, mantendo o equilíbrio dinâmico e a integridade ecológica dos ecossistemas contidos no Parque.
Decreto e área de criação
Foi criado pelo Decreto nº 86.392 de 24.09.1981
Endereço para correspondência
Av. Historiador Rubens de Mendonça, s/n - (Supes/MT)
68055-500 - Cuiabá - MT
Fone: (65) 648-9100
E-mail: jaferraz@ibama.gov.br ou jaferraz@terra.com.br
Um pouco da História do Pantanal
A origem do Pantanal é resultado da separação do oceano há milhões de anos. Animais que estão presentes no mar também existem no pantanal, formando o que se pode chamar de mar interior. Atraído pela existência de pedras e metais preciosos (que eram usados por indígenas, que já povoavam a região, como adornos), entre eles o ouro. O português Aleixo Garcia, em 1524, acabou sendo o primeiro a visitar o território, que alcançou o rio Paraguai através do rio Miranda, atingindo a região onde hoje está a cidade de Corumbá. Nos anos de 1537 e 1538, o espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos Martínez de Irala seguiram pelo rio Paraguai e denominaram Puerto de los Reyes à lagoa Gayva. Por volta de 1542-1543, Álvaro Nunes Cabeza de Vaca (espanhol e aventureiro) também passou por aqui para seguir para o Peru. Entre 1878 e 1930, a cidade de Corumbá (situada dentro do Pantanal) torna-se o principal eixo comercial e fluvial do estado de Mato Grosso, depois acaba perdendo sua importância para as cidades de Cuiabá e Campo Grande, iniciando assim um período de decadência econômica.
O incentivo dado pelos governos a partir da década de 1960 para desenvolver a região Centro-Oeste através da implantação de projetos agropecuários trouxe muitas alterações nos ambientes do cerrado, ameaçando a sua biodiversidade. Preocupada com a conservação do Pantanal, a Embrapa instalou, em 1975, em Corumbá, uma unidade de pesquisa para a região, com o objetivo de adaptar, desenvolver e transferir tecnologias para o uso sustentado dos seus recursos naturais. As pesquisas se iniciaram com a pecuária bovina, principal atividade econômica, e hoje, além da pecuária, abrange as mais diversas áreas, como recursos vegetais, pesqueiros, faunísticos, hídricos, climatologia, solos, avaliação dos impactos causados pelas atividades humanas e sócio-economia. Nos últimos anos houve investimentos maciços no setor do ecoturismo, com diversas pousadas pantaneiras praticando esta modalidade de turismo sustentável.
O rio Paraguai e seus afluentes percorrem o Pantanal, formando extensas áreas inundadas que servem de abrigo para muitos peixes, como o pintado, o dourado, o pacu, e também para outros animais, como os jacarés, as capivaras e ariranhas, entre outras espécies. Muitos animais ameaçados de extinção em outras partes do Brasil ainda possuem populações vigorosas na região pantaneira, como o cervo-do-pantanal, a capivara, o tuiuiú e o jacaré.
Devido a baixa declividade desta planície no sentido norte-sul e leste-oeste, a água que cai nas cabeceiras do rio Paraguai, chega a gastar quatro meses ou mais para atravessar todo o Pantanal. Os ecossistemas são caracterizados por cerrados e cerradões sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos, como lagoas de água doce ou salobra, rios, vazantes e corixos.
O clima é quente e úmido, no verão, e embora seja relativamente mais frio no inverno, continua apresentando grande umidade do ar devido à evapotranspiração associada à água acumulada no solo no horizonte das raízes durante o período de cheia. A maior parte dos solos do Pantanal é arenosa e suporta pastagens nativas utilizadas pelos herbívoros nativos e pelo gado bovino, introduzido pelos colonizadores da região. Uma parcela pequena da pastagem original foi substituída por forrageiras exóticas, como a Braquiária (4.5% em 2006). O balanço de energia superficial (i.e., a troca de energia entre a superfície e a atmosfera) é muito influenciada pela presença de lâminas de água que cobrem parcialmente o terreno a cada verão, e as características particulares dos balanços hídrico e de energia acabam por influir no desenvolvimento da Camada Limite Atmosférica regional.
A Planície do Pantanal possui aproximadamente 230 mil km², medida estimada pelos estudiosos que explicam que dificilmente pode ser estabelecido um cálculo exato de suas dimensões, por em vários pontos ser muito difícil estabelecer onde começa e onde termina o Pantanal e as regiões que o circundam, além de a cada fechamento de ciclo de estações de seca e de águas o Pantanal se modifica.
Sua área é de 138.183 km² (64,64% em Mato Grosso do Sul e 35,36% em Mato Grosso (J. S. V. SILVA et al, 1998)). Considerada uma das maiores planícies de sedimentação do planeta, o Pantanal estende-se pela Bolívia e Paraguai, países em que recebe outras denominações, sendo Chaco a mais conhecida.
Sua constituição, única no planeta, é resultado da separação do oceano há milhões de anos, formando o que se pode chamar de mar interior. A planície é levemente ondulada, pontilhada por raras elevações isoladas, geralmente chamadas de serras e morros, e rica em depressões rasas. Seus limites são marcados por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e maciços, e é cortada por grande quantidade de rios dos mais variados portes, todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai — os principais são os rios Cuiabá, Piquiri, São Lourenço, Taquari, Aquidauana, Miranda e Apa. O Pantanal é circundado, do lado brasileiro (norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude entre 600 e 700 metros; estende-se a oeste até os contrafortes da cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas planícies pampeanas centrais.
O Pantanal vive sob o desígnio das águas: ali, a chuva divide a vida em dois períodos bem distintos. Durante os meses da seca — de maio a outubro, aproximadamente — , a paisagem sofre mudanças radicais: no baixar das águas, são descoberto campos, bancos de areia, ilhas e os rios retomam seus leitos naturais, mas nem sempre seguindo o curso do período anterior. As águas escorrem pelas depressões do terreno, formando os corixos (canais que ligam as águas de baías, lagoas, alagados etc. com os rios próximos).
Nos campos extensos cobertos predominantemente por gramíneas e vegetação de cerrado, a água de superfície chega a escassear, restringindo-se aos rios perenes, com leito definido, a grandes lagoas próximas a esses rios, chamadas de baías, e a algumas lagoas menores e banhados em áreas mais baixas da planície. Em muitos locais, torna-se necessário recorrer a águas subterrâneas, do lençol freático ou aquíferos, utilizando se bombas manuais e ou tocadas por moinhos de vento para garantir o fornecimento às moradias e bebedouros de animais domésticos.
As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso e são facilmente absorvidas. De novembro a abril as chuvas caem torrenciais nas cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à rebrotação de inúmeras espécies resistentes à falta d'água dos meses precedentes. Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo alagamento do solo, são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, formando baías de centenas de quilômetros quadrados, o que confere à região um aspecto de imenso mar interior.
O aguaceiro eleva o nível das baías permanentes, cria outras, transborda os rios e alaga os campos no entorno, e morros isolados sobressaem como verdadeiras ilhas cobertas de vegetação — agrupamentos dessas ilhas são chamados de cordilheiras pelos pantaneiros — nas ilhas e cordilheiras os animais se refugiam à procura de abrigo contra a subida das águas.
Nessa época torna-se difícil viajar pelo Pantanal pois muitas estradas ficam alagadas e intransitáveis. O transporte de gente, animais e de mercadorias só pode ser feito no lombo de animais de carga e embarcações — muitas propriedades rurais e povoações (também conhecidas como corrutelas) localizadas em áreas baixas ficam isoladas dos centros de abastecimento e o acesso a elas, muitas vezes, só pode ser feito por barco ou avião.
Com a subida das águas, grande quantidade de matéria orgânica é carregada pela correnteza e transportada a distâncias consideráveis. Representados, principalmente, por massas de vegetação flutuante e marginal e por animais mortos na enchente, esses restos, durante a vazante, são depositados nas margens e praias dos rios, lagoas e banhados e, após rápida decomposição, passam a constituir o elemento fertilizador do solo, capaz de garantir a enorme diversidade de tipos vegetais lá existente.
Por entre a vegetação variada encontram-se inúmeras espécies de animais, adaptados a essa região de aspectos tão contraditórios. Essa imensa variedade de vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e sons é um dos mais belos espetáculos da Terra. Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus traçados; as grandes baías alteram seus desenhos.
Costumes Pantaneiros
Alimentação
O pantaneiro tem hábito de acordar muito cedo, para as lidas dos seus afazeres, como por exemplo: a lida dos seus animais na grande planície da sua região. No seu alimento matutino, logo na manhã antes de ir à lida, tem o hábito de se alimentar muito bem. Esse hábito tem o nome de quebra-torto, que é praticamente um café reforçado, com pão, arroz com carne seca, café e outras delícias proporcionadas pela vasta planície.
O Tereré
Herdado da tradição guarani, o Tereré é uma bebida servida em cuia, com erva-mate e água gelada. É bastante consumido pelos pantaneiros, principalmente antes do meio dia, depois da realização do trabalho matutino. Também se toma o tereré a tarde e antes da noite, quase sempre em rodas de conversas entre famílias, peões ou amigos. Esse costume também chegou nas cidades pantaneiras, locais onde as pessoas se reúnem nas calçadas para uma "conversa à-toa" e se refrescar com a bebida. Em outras regiões, como no Oeste do Paraná, ele é tomado com refrigerante, mas o tereré original é composto apenas por erva-mate e água natural.
Sarrabulho
O sarrabulho é uma unanimidade em Corumbá é um prato de alto teor calórico que poucos sabem preparar. O prato é de origem portuguesa e tornou-se popular no Nordeste e também em Corumbá. No norte de Portugal é preparado com miúdos de porco ou cabrito. Aqui, talvez pela atividade pecuária e abundância do produto, se fez a opção pela carne de bovinos, deve ser servido com arroz branco e mandioca cozida. Ingredientes para o preparo: fígado, rins, coração e carne moída. autor:diogo silva machado
Urucu
Urucu é uma semente de coloração avermelhada, que vem do tupi uru-ku, significa vermelho, conhecida popularmente por Urucu, açafroa, colorau, nome científico da família botânica Bixáceas, serve como tempero e corante de alimentos. É muito utilizado na culinária pantaneira em preparos de peixes, jacarés e caldo de piranha, os índios sempre usaram para pintar o corpo em suas comemorações festivas e com isso, se defender contra picadas dos mosquitos.
Jacarés são répteis bem adaptados ao meio ambiente e dominam ainda hoje muitos habitats. Ao contrário do que se pensa o jacaré não é lento, se for ameaçado ou estiver preste a dar o bote, adquire velocidade impressionante. Dentro da água, seu ataque é geralmente mortal, já que é um exímio nadador. Os jacarés do Pantanal são diferentes dos da Amazônia. O do Pantanal mede até 2,5m e se alimenta de peixes e é quase inofensivo ao homem. Enquanto o da Amazônia é um pouco maior (quase 6 metros) e ataca quando ameaçado. Sua carne é comestível, a parte mais nobre do corpo do animal que é aproveitada é o rabo. É uma carne branca e consistente. Lembra muito a carne de frango, mas tem um leve sabor de carne de peixe de água doce. Pode ser servida frita ou ensopada como os peixes.
Caldo de piranha Pantaneiro
As piranhas são um grupo de peixes carnívoros de água doce que habitam alguns rios do pantanal e demais regiões brasileiras, existem 3 espécies de piranha no Pantanal e elas podem ser perigosas. Por isso, em local onde se costuma limpar peixes não é aconselhável mergulhar, pois ela poderá mordê-lo por engano. A piranha também pode morder depois de morta. Seus dentes afiados podem cortar carne e até osso num movimento brusco. Na região do Pantanal sua carne é utilizada para se fazer o famoso
Caldo de Piranha. Como preparar o caldo: Limpe as piranhas, deixe-as com a cabeça e tempere-as com o limão, a cebola, o alho, o cheiro-verde, o sal e a pimenta. Deixe repousar por uma hora. Esquente o óleo, frite as piranhas por alguns minutos com todos os temperos, adicione o pimentão e o tomate, junte o extrato de tomate e a água, tampe a panela e deixe ferver. Após uma hora verifique se o tempero está bom.
Coe numa peneira grossa e sirva.
Atividades econômicas
As principais atividades econômicas do Pantanal estão ligadas à criação de gado bovino, que é facilitada pelos pastos naturais e pela água levemente salgada da região, ideal para esses animais. Para peões, fazendeiros e coureiros, o cavalo é um dos principais meios de transporte. Os pescadores, que buscam nos rios sua fonte de sustento e alimentação. Há também, uma pequena população indígena ribeirinha.
Entre os problemas ambientais do Pantanal estão o desequilíbrio ecológico provocado pela pecuária extensiva, pelo desmatamento para produção de carvão com destruição da vegetação nativa; a pesca e a caça predatórias de muitas espécies de peixes e do jacaré; o garimpo de ouro e pedras preciosas, que gera erosão, assoreamento e contaminação das águas dos rios Paraguai e São Lourenço; o turismo descontrolado que produz o lixo, esgoto e que ameaça a tranquilidade dos animais, etc.
Uma atividade relativamente nova é o ecoturismo, já existem diversas pousadas pantaneiras praticando esta modalidade de turismo sustentável.
Em Corumbá a atividade de mineração e siderúrgica são importantes geradoras de emprego e renda, os impactos ambientais destas atividades estão sendo avaliados existindo muita controvérsia.
O incentivo dado pelos governos a partir da década de 1960 para desenvolver a região Centro-Oeste através da implantação de projetos agropecuários, trouxe muitas alterações nos ambientes do cerrado ameaçando a sua biodiversidade.
A Embrapa Pantanal tem desenvolvido tecnologias sustentáveis para a região.
Centrais hidrelétricas
Segundo dados da Embrapa Pantanal, a instalação de 116 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) no Alto Paraguai, grande responsável pelas inundações periódicas do Pantanal, ameaçam a pesca, agricultura familiar, pecuária bovina e o turismo pesqueiro, especialmente porque 70% ficarão concentradas na mesma região. As barragens impedem que os peixes subam os rios e ocorra o trânsito de nutrientes. Por consequência, há o impacto na desova e alimentação dos peixes. Outra consequência imediata é o agravamento do assoreamento, já perceptível no Rio Taquari.
No Pantanal, onde a dinâmica da água dita o ritmo de vida de milhares de pessoas, a pesca, a agricultura familiar, a criação de gado e até o turismo pesqueiro estão ameaçados pela instalação destas 116 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na Bacia do Alto Paraguai – principal responsável pelo regime de inundações periódicas que fazem da região um Patrimônio da Humanidade. O alerta é da bióloga Débora Calheiros, pesquisadora da Embrapa Pantanal. “Desmatamento e criação
de gado de forma equivocada são problemas possíveis de minimizar. Os impactos das pequenas
centrais não são.”
Por trás da construção dessas PCHs está o interesse de grupos empresariais de segmentos como a agricultura mecanizada. As barragens impedem que os peixes subam os rios e que os nutrientes da água fluam de um local para outro. Ou seja: prejudicam tanto a desova quanto a alimentação dos peixes. Além disso, a liberação de sedimentos das barragens pode assorear os rios.
Segundo Débora, outro agravante é o fato de 70% das PCHs estarem previstas para o mesmo local:
a região norte da Bacia do Alto Paraguai.
Das 116 previstas, já existem 29 em operação. O restante está em fase de construção, licenciamento
ou estudo. “Os projetos estão sendo licenciados separadamente, ao invés de se realizar uma avaliação ambiental integrada, que dá conta dos impactos das obras para toda a bacia”, afirma a bióloga, ressaltando que o excesso de PCHs pode modificar o pulso de inundação natural da região.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, é a responsável pela realização da avaliação integrada. No entanto, o estudo ainda não foi realizado mesmo com as obras em andamento. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou que a empresa iniciará este ano o levantamento.
“Às vezes, no mesmo rio, há duas, três PCHs projetadas”, explica Débora. Um bom exemplo é o Rio Coxim, que banha a cidade de mesmo nome, no Mato Grosso do Sul, a um passo da planície pantaneira. Só ali estão previstas três barragens. Já no município de São Gabriel do Oeste, a poucos quilômetros de Coxim, já existe uma em operação: a PCH Ponte Alta.
“No ano passado, a liberação dos sedimentos de Ponte Alta provocou a morte de milhares de peixes. Os
ribeirinhos ficaram muito preocupados”, diz Nilo Peçanha Coelho Filho, do Consórcio Intermunicipal
para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Taquari (Cointa).
Segundo ele, cerca de 5 mil pessoas vivem do turismo ligado à pesca em Coxim. “Todo mundo vai sofrer
as consequências das barragens”, prevê.
Pesadelo
O impasse que cerca a instalação de PCHs no Pantanal não é privilégio daquela região. Em Roraima, índios que habitam a polêmica reserva Raposa Serra do Sol protestaram recentemente contra a instalação de pequenas centrais hidrelétricas em suas terras. Em São Paulo, na bacia Sorocaba-Médio Tietê, há previsão de instalação de duas PCHs, nos municípios de Itu e Cabreúva. O projeto está tirando o sono de ambientalistas e até de políticos locais.
“É uma questão de escolha: se quisermos preservar a o potencial pesqueiro e paisagístico do Pantanal, não podemos instalar 116 hidrelétricas indiscriminadamente. Agora, se a escolha for pelo fornecimento de energia, a sociedade deve saber o preço dessa opção”, conclui Débora, acrescentando que a mesma lógica se aplica também a outras regiões ameaçadas por essas barragens.
Pelé
O temor da pesquisadora sobre a situação que se desenha no Pantanal também está presente no depoimento de Osmar Nunes de Souza, de 49 anos, pescador desde os nove. Conhecido como Pelé, ele
é morador dos arredores de Coxim. “O rio tem vida igual a gente. Se você mexe de um lado, ele corre
pro outro. Ele não vai mais andar solto como anda hoje, vai ter muita água presa, e a gente tem medo de
assorear muito e não ter mais como transitar, nem pescar.”
O problema é que o assoreamento já é uma ameaça para a região, sobretudo para a planície. “A planície
pantaneira é um ‘fundo de prato’. Nas beiradas - o planalto - estão os rios que nascem e desembocam na
região”, explica didaticamente a pesquisadora Emiko Rezende, da Embrapa Pantanal.
Ela trabalha há anos com a bacia do rio Taquari, também um afluente do Paraguai. “O assoreamento do Taquari é um processo antigo e, até certo ponto, natural. Mas a intervenção humana está acelerando o processo, e algo que aconteceria em 30 anos agora acontece em cinco.”
Resultado: o leito do rio subiu muito e algumas áreas da planície pantaneira não secam mais. “Isso impossibilita culturas como banana, laranja e arroz”, afirma Emiko. Ela explica ainda que o assoreamento reduz os estoques pesqueiros.
“Se a área não seca, não cresce a vegetação terrestre que, na época da inundação, vira comida para os peixes”.
Caseira de um rancho à beira do rio Coxim, Maria Aparecida de Moraes, de 62 anos, critica a construção de hidrelétricas. “Isso aqui é a nossa história. É o rio que a gente vive.” Para ela, represar o rio significa perder seu emprego e impedir que seus filhos continuem vivendo da pesca.
“O pior é que a maioria das pessoas só vai sentir e perceber o impacto daqui uns 10 anos e aí já vai ser tarde demais”, diz Nilo Peçanha, do Cointa.
Fauna
A fauna pantaneira é muito rica, provavelmente a mais rica do planeta. Há 650 espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). A mais espetacular é a arara-azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção. Há ainda tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, garças-brancas, jaburus, beija-flores (os menores chegam a pesar duas gramas), socós (espécie de garça de coloração castanha), jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás e curicacas.
No Pantanal já foram catalogadas mais de 1.100 espécies de borboletas. Contam-se mais de 80 espécies de mamíferos, sendo os principais a onça-pintada (atinge a 1,2 m de comprimento, 0,85 cm de altura e pesa até 150 kg), capivara, lobinho, veado-campeiro, veado catingueiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo do pantanal, bugio (macaco que produz um ruído assustador ao amanhecer), porco do mato, tamanduá, cachorro-do-mato, anta, bicho-preguiça, ariranha, suçuarana, quati, tatu etc.
A região também é extremamente piscosa, já tendo sido catalogadas 263 espécies de peixes: piranha (peixe carnívoro e extremamente voraz), pacu, pintado, dourado, cachara, curimbatá, piraputanga, jaú e piau são algumas das espécies encontradas.
Há uma infinidade de [repteis]], sendo o principal o jacaré (jacaré-do-pantanal e jacaré-de-coroa), cobra boca de garça (sucuri, jobóia, cobras-água e outras), lagartos (iguana, calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado).
Hoje só nos resta torcer pelo bom censo dos responsáveis em proteger este santuário da humanidade e demonstrar o sentido desta palavra....vamos ser humanos e respeitar a natureza como ela merece.
Fontes:MS Noticias/O Pantaneiro/Portal São Francisco/Wikipédia/Ibama/Ecoviagem/Anacondapantanal
11 comentários:
Em Relação as hidroelétricas...
Passou da hora, de nós brasileiros investir em outra fonte de energia.
Com o sol que faz no Mato-Grosso e como consequencia no Pantal, porque nao Fazer iventimento em enrgia solar?
O desenvolvimento economico do estado é muito novo ainda. Temos que procurar soluçoes ecologicas corretas.
LINDOS AS FOTO PARABENS
Ótimo aqui eu encontrei tudo que estava precisando para meu trabalho. Parabéns!!!!
Muito bem feito
Parabéns!!
que atitude devemos ter ou visitar um lugar como o cerrado e o pantanal ?
nao sou contra o progresso.........mais lamento que meus netos e bisneto nao veja as maravilhas que eu tive oportunade de ver e viver
Deus nos deu tudo de presente,fez como uma mãe gravida.Arrumou enfeitou,embelezou ,para que seu filhinho tivesse o melhor ,mas infelismente a ingratidão dos filhos são a causa da destruição da natureza em seu todo.E Deus chora através da natureza que se esvai sabendo que outros filhos jamais conheceraõ tantos enfeites tantas maravilhas e nem poderão glorificá-lo por tanta sabedoria ja que lhes será oculto pela destruição. Parabens continue mostrando o que é bom e que traz sentido a vida humana.Deus lhe agradece!!!
pensa que isso tava mó tempão aí e eu n vi...mais q legal isso!
Marcia disse...realmente a riqueza brasileira e´tao bela para o ser humano acabar tao depressa.
Realmente o pantanal é riquíssimo em biodiversidade.
Olá
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